Avançar para o conteúdo principal

Não sei...

Não sei. Não sei se há algum ser que me empurra para certos locais. Não sei. Só sei que mudo mais facilmente que o vento. Só sei que cheiro no momento o local para onde ir. Não sei como acontece. Só sei que me deixo levar pelo calor, pela brisa, pelo som, pela lembrança, pelo desejo ou pela vontade do mundo embriagado à espera de ser adorado. Não sei. Só sei que nos cruzamentos, haja ou não alminhas, deixo-me irá atrás do nada, como se a inspiração fosse um enorme vento desejoso de enfunar as minhas velas do saber e do prazer. Assim foi. Assim tem sido. Encontro paraísos cheios de obras de encantar e de desafiar. Encontro espaços. Encontro tempos. Encontro saudades. Encontro o que quero encontrar mesmo sem saber a razão. Depois tento fazer a digestão. Difícil? Não! Rica em sensações e desejosa de mais emoções, alimenta-me com lembranças, imagens, sons, afetos escondidos, tragédias e amores, tudo metido sem qualquer ordem em cestos de arte e em poços de vidas. 
Encho-me sem pensar, incho de satisfação e sonho com pesar. 
Não sei se vejo apenas arte. Não sei. Só sei que me faz criar a melhor das ilusões, viver momentos cheios de emoção, como soubesse o que deveria ser o paraíso, a mais bela e sedutora criação. Sim. A criação é fruto da esperança e da mais estranha imaginação. Tudo o resto são coisas banais, tenham ou não solução. 
Olho para a minha mão e vejo nela as almas criadoras do meu mundo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Salvem todos"...

Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.

Fugir

Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite.  Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.

Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...