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Não sei...

Não sei. Não sei se há algum ser que me empurra para certos locais. Não sei. Só sei que mudo mais facilmente que o vento. Só sei que cheiro no momento o local para onde ir. Não sei como acontece. Só sei que me deixo levar pelo calor, pela brisa, pelo som, pela lembrança, pelo desejo ou pela vontade do mundo embriagado à espera de ser adorado. Não sei. Só sei que nos cruzamentos, haja ou não alminhas, deixo-me irá atrás do nada, como se a inspiração fosse um enorme vento desejoso de enfunar as minhas velas do saber e do prazer. Assim foi. Assim tem sido. Encontro paraísos cheios de obras de encantar e de desafiar. Encontro espaços. Encontro tempos. Encontro saudades. Encontro o que quero encontrar mesmo sem saber a razão. Depois tento fazer a digestão. Difícil? Não! Rica em sensações e desejosa de mais emoções, alimenta-me com lembranças, imagens, sons, afetos escondidos, tragédias e amores, tudo metido sem qualquer ordem em cestos de arte e em poços de vidas. 
Encho-me sem pensar, incho de satisfação e sonho com pesar. 
Não sei se vejo apenas arte. Não sei. Só sei que me faz criar a melhor das ilusões, viver momentos cheios de emoção, como soubesse o que deveria ser o paraíso, a mais bela e sedutora criação. Sim. A criação é fruto da esperança e da mais estranha imaginação. Tudo o resto são coisas banais, tenham ou não solução. 
Olho para a minha mão e vejo nela as almas criadoras do meu mundo.

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