Avançar para o conteúdo principal

Arte DECO




Um dos períodos mais sedutores, para mim, foi a época dos anos loucos, onde os comportamentos, estilos de vida e a arte adquiriram características muito próprias. Vivia-se à pressa como se o fim do mundo estivesse próprio, e estava mesmo. A beleza e a criatividade eram uma constante.
Escolhi esta peça que adquiri recentemente. Adoro arte DECO. Esta estatueta revela a elegância de uma bailarina. Um bronze cheio de vida. Agora repousa no silêncio de uma sala onde respira arte e os sentimentos de uma existência cada vez mais perplexa com tantos acontecimentos que correm por esse mundo fora, sobretudo na Europa.
Sinto prazer em tocar-lhe e vê-la a dançar sob os meus olhos, mas faz-me recordar um pequeno episódio de um filme cujo nome não me lembro. Recordo apenas a paisagem, um campo de golfe, onde dois homens fingiam jogar. Comentavam o mundo de então. Previam o que iria acontecer, conflitos armados, morte e destruição, tudo por causa dos extremismos ideológicos, em que os diferentes defensores queriam impor aos demais a sua vontade e visão do mundo.
Olho para o meu mundo e vejo algo de semelhante. Apertados uns contra os outros, numa atmosfera de arrogância cheias de ideologias de meia-tigela, resta-nos esperar o quê? Confronto. Sangue. Ódio. Vingança. Morte. Destruição. Basta ouvir. Basta sentir. Nem é preciso pensar, basta-nos esperar. Entretanto, resta-me pensar na vida, curta, cheia de misérias, falsa, hipócrita, à espera de mergulhar no absurdo do sofrimento e da dor, únicos terrenos onde a solidariedade consegue germinar à espera de poder florir por um breve dia que passa sem se sentir.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Fugir

Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite.  Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.

Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

"Salvem todos"...

Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.