Arte DECO




Um dos períodos mais sedutores, para mim, foi a época dos anos loucos, onde os comportamentos, estilos de vida e a arte adquiriram características muito próprias. Vivia-se à pressa como se o fim do mundo estivesse próprio, e estava mesmo. A beleza e a criatividade eram uma constante.
Escolhi esta peça que adquiri recentemente. Adoro arte DECO. Esta estatueta revela a elegância de uma bailarina. Um bronze cheio de vida. Agora repousa no silêncio de uma sala onde respira arte e os sentimentos de uma existência cada vez mais perplexa com tantos acontecimentos que correm por esse mundo fora, sobretudo na Europa.
Sinto prazer em tocar-lhe e vê-la a dançar sob os meus olhos, mas faz-me recordar um pequeno episódio de um filme cujo nome não me lembro. Recordo apenas a paisagem, um campo de golfe, onde dois homens fingiam jogar. Comentavam o mundo de então. Previam o que iria acontecer, conflitos armados, morte e destruição, tudo por causa dos extremismos ideológicos, em que os diferentes defensores queriam impor aos demais a sua vontade e visão do mundo.
Olho para o meu mundo e vejo algo de semelhante. Apertados uns contra os outros, numa atmosfera de arrogância cheias de ideologias de meia-tigela, resta-nos esperar o quê? Confronto. Sangue. Ódio. Vingança. Morte. Destruição. Basta ouvir. Basta sentir. Nem é preciso pensar, basta-nos esperar. Entretanto, resta-me pensar na vida, curta, cheia de misérias, falsa, hipócrita, à espera de mergulhar no absurdo do sofrimento e da dor, únicos terrenos onde a solidariedade consegue germinar à espera de poder florir por um breve dia que passa sem se sentir.

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