O sol acaba de aparecer neste instante. Acordou tarde e ainda está sonolento. Tanto faz, não aquece a alma fria, não faz sonhar no novo dia, apenas consigo sentir um estranho lamentar. Não me ouve. Tanto faz. Eu vejo o que anda em meu redor, tanta falta de paz. Horrível. Cansa ler o que a gente humana faz. Desgraças. Olho pela janela e consolo-me com a visão de vinhas vestidas de verde desejosas em libertar os seus frutos e deste modo conseguir dar alguma alegria no momento certo, na véspera do nascer do belo dia. Tarda o seu nascer. Arrasta-se como um fantasma perdido à procura do seu destino. Olho em redor e vejo seres humanos. Estranhos seres. Cansam. Muito. Começo a cansar-me de os ver, de os ouvir e de os sentir. Cansam. Gostava de fugir. Gostava de passear de braço dado com almas sem dor, sem sorriso, sem calor, apenas almas doces, cheias de paz errando pelo universo sem medo, sem esperança, sem sentir, a não ser a paz do não existir.
Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.
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