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Cansam...

O sol acaba de aparecer neste instante. Acordou tarde e ainda está sonolento. Tanto faz, não aquece a alma fria, não faz sonhar no novo dia, apenas consigo sentir um estranho lamentar. Não me ouve. Tanto faz. Eu vejo o que anda em meu redor, tanta falta de paz. Horrível. Cansa ler o que a gente humana faz. Desgraças. Olho pela janela e consolo-me com a visão de vinhas vestidas de verde desejosas em libertar os seus frutos e deste modo conseguir dar alguma alegria no momento certo, na véspera do nascer do belo dia. Tarda o seu nascer. Arrasta-se como um fantasma perdido à procura do seu destino. Olho em redor e vejo seres humanos. Estranhos seres. Cansam. Muito. Começo a cansar-me de os ver, de os ouvir e de os sentir. Cansam. Gostava de fugir. Gostava de passear de braço dado com almas sem dor, sem sorriso, sem calor, apenas almas doces, cheias de paz errando pelo universo sem medo, sem esperança, sem sentir, a não ser a paz do não existir. 

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Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

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