Aguardo que o sábado me traga qualquer coisa que faça despertar o sentido de que vale a pena saborear mais um dia de vida. Nada de espalhafatoso, nada de especial, apenas algo trivial que consiga espantar qualquer mal. Pouco coisa. Contento-me com um acontecimento, uma observação, uma imagem, um odor, uma emoção, um quadro, uma peça de arte esquecida ou perdida pelo mundo de então, pouca coisa ou mesmo coisa nenhuma. Se não me trouxer nada de novo então terei de ser eu a oferecer ao sábado, o dia da nossa criação, uma suave e solitária oração.
Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite. Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.
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