Avançar para o conteúdo principal

Noites de verão

As noites de verão podem vestir-se de muitas formas. Prefiro as que se apresentem desnudadas, como se fossem palavras quentes, belas e enigmáticas capazes de jogos de sedução.
As noites de verão podem ser fonte de desilusão, basta ver a nossa televisão. Tanta exposição para nada, não ensina, não se aprende, não encanta, apenas faz nascer a estranha sensação de que nada presta. Vivemos num mundo cão.
As noites de verão podem ser suaves campos de centeio dourado que ondulam ao sabor do vento da fortuna e da inspiração.

As noites de verão também morrem do coração.

Comentários

  1. From William Shakespeare , in “A midsummer night’s dream”:
    «Some say every night is a night of dreams. Others assure us that not all nights are of dreams, only summer nights. In the end, it doesn’t really matter. What is important is not the night itself but the dreams. Dreams that one can always dream, everywhere, in all seasons, asleep or awake…»
    ;) ;) ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Curiosa passagem!. Já tinha lido "sonhos de uma noite de verão", mas foi há muito tempo. A memória perde-se, a memória esgota-se...

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Fugir

Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite.  Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.

Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

Guerra da Flandres...

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão. Exmas autoridades. Caros concidadãos e concidadãs. Hoje, Dia de Portugal, vou usar da palavra na dupla qualidade de cidadão e de Presidente da Assembleia Municipal. Palavra. A palavra está associada ao nascer do homem, a palavra vive com o homem, mas a palavra não morre com o homem. A palavra, na sua expressão oral, escrita ou no silêncio do pensamento, representa aquilo que interpreto como sendo a verdadeira essência da alma. A alma existe graças à palavra. A palavra é o seu corpo, é a forma que encontro para lhe dar vida. Hoje, vou utilizá-la para ressuscitar no nosso ideário corpos violentados pela guerra, buscando-os a um passado um pouco longínquo, trazendo-os à nossa presença para que possam conviver connosco, partilhando ideias, valores, dores, sofrimentos e, também, alegrias nunca vividas. Quando somos pequenos vamos lentamente percebendo o sentido das palavras, umas vezes é fácil, mas outr...