Confesso. Tenho medo. Cada dia que passa sinto uma estranha baforada de medo a causar arrepios ao longo da espinha. Cada vez mais intensa, cada vez mais fria. Sentado na varanda, a querer imaginar que o verão existe - não passa de uma ilusão quando a noite cai - sinto frio. Não me desagrada, mas, também, não me entusiasma. Deixo-me ir atrás dos dedos e olho para o anil do céu para poder falar com dois dos meus deuses preferido, Vénus e Júpiter. Olho e vejo que o amor é maior do que o pai dos deuses. Basta apenas uma luz doce para alumiar o início de mais uma noite. A noite atrai morcegos e os medos. A cegueira da vida ilumina-se na frescura de uma noite anunciada esconjurando os medos e matando as esperanças, como se tudo fosse um jogo. Um jogo cujas regras, falsificadas, apenas ajuda os que desprezam a vida. Estes não tem medo, mas sabem gerá-los na mente e na alma dos que acreditam na sinceridade.
Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite. Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.
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