Confesso. Tenho medo. Cada dia que passa sinto uma estranha baforada de medo a causar arrepios ao longo da espinha. Cada vez mais intensa, cada vez mais fria. Sentado na varanda, a querer imaginar que o verão existe - não passa de uma ilusão quando a noite cai - sinto frio. Não me desagrada, mas, também, não me entusiasma. Deixo-me ir atrás dos dedos e olho para o anil do céu para poder falar com dois dos meus deuses preferido, Vénus e Júpiter. Olho e vejo que o amor é maior do que o pai dos deuses. Basta apenas uma luz doce para alumiar o início de mais uma noite. A noite atrai morcegos e os medos. A cegueira da vida ilumina-se na frescura de uma noite anunciada esconjurando os medos e matando as esperanças, como se tudo fosse um jogo. Um jogo cujas regras, falsificadas, apenas ajuda os que desprezam a vida. Estes não tem medo, mas sabem gerá-los na mente e na alma dos que acreditam na sinceridade.
Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.
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