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"Medo"...

Confesso. Tenho medo. Cada dia que passa sinto uma estranha baforada de medo a causar arrepios ao longo da espinha. Cada vez mais intensa, cada vez mais fria. Sentado na varanda, a querer imaginar que o verão existe - não passa de uma ilusão quando a noite cai -  sinto frio. Não me desagrada, mas, também, não me entusiasma. Deixo-me ir atrás dos dedos e olho para o anil do céu para poder falar com dois dos meus deuses preferido, Vénus e Júpiter. Olho e vejo que o amor é maior do que o pai dos deuses. Basta apenas uma luz doce para alumiar o início de mais uma noite. A noite atrai morcegos e os medos. A cegueira da vida ilumina-se na frescura de uma noite anunciada esconjurando os medos e matando as esperanças, como se tudo fosse um jogo. Um jogo cujas regras, falsificadas, apenas ajuda os que desprezam a vida. Estes não tem medo, mas sabem gerá-los na mente e na alma dos que acreditam na sinceridade. 

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Fugir

Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite.  Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.

Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

"Salvem todos"...

Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.