O dia está prestes a sucumbir à força do ritmo da natureza. Um ritual patético que nem sempre trás algo de novo. Tenho que inventar coisas novas, sedutoras, tristes, esperançosas, loucas, divertidas e até mesmo passear recordações esquecidas ou perdidas. O mundo é uma tela vazia, feia, descorada, sem sentido e sem brilho. Para ter algum significado ou vida é preciso pintá-la, dar-lhe cor e beleza de forma a poder ser pendurada ao lado das longínquas estrelas. Só assim o mundo tem algum sentido. O que vou fazer? Pintar uma tela com letras, frases e pensamentos retirados da minha delicada e sensual paleta de cores.
Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite. Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.
Comentários
Enviar um comentário