Escrever


Não é difícil de entender que há quem não goste de outrem, mesmo que o não conheça ou tenha ouvido a sua voz.
Basta ler o que escreve. Ler o que se escreve permite ver como é que os outros pensam, criam, amam ou odeiam. Não gostar de alguém é algo muito comum, banal, por vezes eivado de um sentimento mortal, não no plano físico, mas no intelectual. Há quem goste de pensar, de imaginar, de criar, de sonhar, de fazer poesia, de contar histórias do dia-a-dia, enfim, há mil e uma maneiras de falar para os outros e até para o mundo sem se mostrar, apenas através do doce, alegre ou triste cantar ao longo das frases e das lágrimas ou sorrisos das palavras. O que se escreve é diferente do que se diz. É muito mais forte, mais profundo, mais real, mais sincero, fazendo-nos aproximar do espírito do criador. Há quem consiga dar magia às palavras, há quem se deixe guiar por elas, há os que as confundem com o brilho, a doçura, o amor, a dor e a raiva desenhadas em papel branco ou em ecrã brilhante, como se fossem esponjas dos mais belos aos mais tristes sentimentos. Escrever é dar significado à vida. Quantos aos assuntos são todos bons. Não é o assunto que está em causa, o que está em causa é saber ler e interpretar o que foi escrito. Todos os assuntos são importantes. A importância ou não de cada tema, texto ou poema depende de quem lê, sente, ouve ou vê. O objetivo da escrita é despertar emoções, pintar quadros, esculpir com o coração e cantar, usando a voz da razão, mas, acima de tudo, criar. Mas há quem não entenda ou não aceite a criatividade ou a inspiração. Pobre sorte. Assim nunca conhecerão o sabor da mais doce ilusão.

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