Lembrança de um dia de outono.
Recordação triste.
Pensamento de gelo.
O sol fez o resto.
Pintou com cores belas a minha alma.
Levantei-me cedo no meio de sussurros vindos de todos os lados da montanha. O ar muito fresco empurrou-me para um pequeno passeio. Era cedo. Desci acompanhado da brisa que cantarolava de felicidade. Vi as encostas atapetadas de dourado, enquanto belas e avermelhadas folhas se despegavam sem pena do seu mundo. Morte feliz. As cores vivas surgiam de todos os lados, azuis, verdes, vermelhos, amarelos, dourados, brancos, cinzentos, numa estranha amálgama; o ideal para afogar a solidão. Nessa manhã, um velho amigo transformou-se numa daquelas belas folhas secas e acastanhadas, com laivos de dourado, que caíam suavemente como se fossem dançarinas a fugir cheias de alegria para o seu novo mundo. A brisa fresca estimulava cada vez mais a imaginação. A par da vida que se esfumava, recordei momentos deliciosos, cheios de silêncio humano, onde apenas o cantar do vento corria entre as árvores da minha infância. O mesmo cantar, as mesmas danças, as mesmas cores, o mesmo silêncio, as mesmas vidas, a que nasce e a que desaparece, no meio de florestas encantadas. Belos locais para nascer e para desaparecer. Espaços sagrados, enigmáticos, poéticos, doces, encantadores, semeadores de vida e apaziguadores da dor, lembrando que a morte é uma folha bela, cheia de cor, que dança indolentemente ao sabor do cantar de uma fresca brisa cheia de amor.
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