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"Natureza humana"...

Nasceu mal. Cresceu mal. Vive mal consigo e com os outros. Não presta. Não há solução. Há laivos episódicos de esperança? Sim, há. Há momentos dourados capazes de a enobrecer? Sim, há. Só que rapidamente se esfumam na memória. Há momentos de grandiosidade? Sim, há. Só que morrem rapidamente às mãos dos desonestos. Há garantia de uma melhor vida? Sim, há. Relegada para quando descer ao fundo de uma fria cova, porta de entrada no paraíso prometido. Há sinais de solidariedade? Sim, há. Quando a consciência se esconde atrás de gestos de vergonha de uma nudeza existencial. Há sinais de que a natureza humana irá um dia transformar-se em algo de belo, de poético, intemporal e universal? Não, não há. Nunca houve e nunca haverá. A natureza humana é tudo aquilo que não se vê, é tudo o que não se encontra. A natureza humana é má, má pela sua própria natureza, falsa pela vontade de a modificar, virtual, algo sem igual e sempre à espera de fazer mal. Nada pode a igualar. Há momentos que fazem esquecer a natureza humana? Sim, há. Quando? Quando nos embriagamos de amor, de poesia, de arte e até de vinho...

Coimbra, quarta-feira, 25.09.2013

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Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

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Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.