Avançar para o conteúdo principal

"Recompensa"...


Um professor que gosta de ensinar e de aprender necessita de ser recompensado. É humano, é natural. Qual é o tipo de recompensa que procura? Ser considerado? Ser respeitado? Obviamente que ser-se alvo destes tipos de apreciação é agradável. Mas o que eu gosto mesmo é saber que certos conceitos foram ou são apreendidos pelos alunos e ter a certeza de que os mesmos irão mudar e ajudar as suas formas de pensar e, consequentemente, influenciar os seus mundos, profissional, social e familiar. Caso consiga esse desiderato, então, dou por bem empregue o meu esforço e a minha dedicação ao ensino e à investigação. Mas como posso ter a certeza que influenciei ou influencio os meus alunos? Imaginando que sim? Especulando sobre isso? Desejando ardentemente ter sido útil? Não sei. O que eu sei é que de quando em vez, inesperadamente, sou confrontado com situações deveras recompensadoras do meu esforço. Quando tal acontece sinto que vale a pena ter a atividade que tenho. É um belo momento de glória, uma recompensa que ajuda a esquecer muitas atribulações e frustrações. Foi o que me aconteceu um dia destes. Depois de uma aula, onde foquei e debati vários assuntos, nomeadamente o humanismo médico e a sua importância no desenvolvimento e cuidados de saúde, fui premiado com um texto escrito por um aluno. Um texto profundo, muito belo, cheio de significado e inspirado, quase que diria, nas minhas palavras e observações. O aluno fazia algumas perguntas sobre o comportamento médico. Apesar de nunca utilizar a palavra humanismo estava perante um texto de um jovem verdadeiramente humanista a querer fazer crer que, afinal, ainda existe um potencial substancial que temia estar a desaparecer. É muito jovem, mas sabe pensar e equacionar os problemas. Fiquei muito satisfeito com as palavras que me dedicou, mas mais do que as palavras foi o facto de ter refletido e ter escrito um belo texto. Um texto que considero uma verdadeira recompensa. Vou guardá-lo e lê-lo as vezes que entender, porque será uma fonte de inspiração. 
O melhor que um professor pode receber são as lições dos seus alunos, e quando elas são inspiradas nos nossos ensinamentos, então, não há palavras para descrever o que nos vai na alma... 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Fugir

Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite.  Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.

Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

"Salvem todos"...

Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.