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"Sopro"...


Um sopro para poder começar a tarde. Pode ser um sopro de indiferença, um sopro de alegria, um sopro de esperança, um sopro de criatividade, um sopro de vida, o que eu quero é sentir, ouvir ou tocar um sopro. O sopro desperta-me. O sopro tranquiliza-me. É a força da justificação capaz de invadir o corpo e a mente que lutam sem ter nada para lutar. O sopro é a única unidade de tempo que vale a pena utilizar, mede, marca e não deixa recordação. É apenas um sopro. O que eu precisava agora era mesmo de um sopro, vindo não importa de onde, apenas um sopro que me levasse a recordá-lo no futuro através de curtas linhas para o poder saborear. Saborear um sopro ou respirar um sopro? Afinal tudo começou com um sopro e irá terminar com um outro. Dois sopros. Não me lembro do primeiro e não quero lembrar-me do último, o que eu queria era um pequeno sopro de vida, de satisfação, de alegria ou de tranquilidade, apenas um, um sopro, mas neste instante.
Não o sinto, não o vejo, mas desejo-o.

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